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terça-feira, 11 de agosto de 2009

Brasil tem medicamento suficiente contra a nova gripe

Até o final do mês, 800 mil tratamentos contra a influenza A (H1N1) devem chegar ao Brasil para se somar ao estoque de 8,79 milhões de tratamentos que o País já tem armazenados na forma bruta.
Além disso, os estados já receberam medicamento suficiente para tratar 400 mil pacientes. A informação é do ministro da Saúde, José Gomes Temporão. Em entrevista exclusiva ao Portal Em Questão (que transcrevemos com a devida autorização), ele fala sobre a orientação do Ministério para a prescrição do antiviral Oseltamivir, as negociações para a compra de vacinas contra a doença e a gravidade da nova gripe, comparada com a comum.

Em Questão - O que mudou na orientação sobre a forma como o antiviral Tamiflu (Oseltamivir) é prescrito aos pacientes?
José Gomes Temporão - Após a constatação de que o mundo estava frente a uma pandemia, para a qual não seria mais indicada a detecção de todos os casos e o tratamento não teria mais efeito para reduzir a transmissão, todas as medidas foram adequadas para priorizar as pessoas com maior risco de desenvolver forma grave da doença, evitando ou reduzindo o risco de mortes. É esta a orientação da Organização Mundial de Saúde (OMS). Assim, o medicamento passou a ser indicado, de acordo com avaliação médica, para pacientes com doença respiratória grave e pessoas pertencentes aos grupos de risco: 1) grávidas; 2) idade menor que 2 e maior que 60 anos; 3) pessoas com doenças que debilitam o sistema imunológico (defesas do organismo), como câncer e Aids; 4) pessoas com doenças crônicas preexistentes, como problemas cardíacos (como arritmias), pulmonares (exemplos: bronquite e asma), renais (pessoas que fazem hemodiálise, por exemplo) e sanguíneos (como anemia e hemofilia); diabetes, hipertensão e obesidade mórbida.

EQ - As mudanças significam uma alteração no protocolo? O médico pode prescrever o antiviral para qualquer paciente?
Temporão - Não, o médico não deve prescrever o antiviral para qualquer paciente, apenas para os casos previstos no protocolo. O que houve, em 5 de agosto, foi a inclusão no documento de uma observação, decidida em conjunto pelo Ministério da Saúde, sociedades médicas e Secretarias Estaduais de Saúde, de que a prescrição e a dispensação do antiviral não previstas no protocolo são de responsabilidade do médico e da autoridade de saúde local, inclusive nos casos excepcionais e de prescrições após as 48 horas do início dos sintomas.

EQ - O acesso ao medicamento mudou?
Temporão - A indicação do tratamento permanece restrita, mas ampliamos a distribuição descentralizada do antiviral, de acordo com as características da rede de saúde de cada estado. Assim, as secretarias podem expandir os pontos de distribuição para além dos hospitais de referência. Como de praxe, o Ministério envia o medicamento aos estados, que regulam os estoques locais e distribuem para as unidades de saúde e municípios, como já ocorre com medicamentos para doenças como aids, tuberculose e hepatites. Foi adotado um formulário específico, permitindo aos médicos que não atuam nas unidades de referência receitar o medicamento de acordo com o protocolo. O formulário também permitirá às secretarias e ao Ministério ter mais segurança no controle dos estoques e na indicação adequada do antiviral.

EQ - A mudança pode gerar resistência do vírus?
Temporão - O uso indiscriminado representa um risco real de resistência do novo vírus, como ocorreu no Canadá, Dinamarca, Japão e China (Hong Kong). A cautela no uso do Oseltamivir é reiterada pela OMS, que recomenda priorizar o antiviral para pacientes sintomáticos com maior risco de agravamento - justamente como no Brasil e nos Estados Unidos, por exemplo. O medicamento também não deve ser prescrito de maneira preventiva, como se fosse vacina, exceto em situações específicas, como a de profissionais de laboratórios e serviços de saúde expostos acidentalmente ao vírus.

EQ - Há falta de medicamentos no Brasil para tratar essa gripe?
Temporão - Não. Já distribuímos cerca de 400 mil tratamentos para os estados, nos últimos três meses, e outros 800 mil chegam do laboratório fabricante até o final do mês. Além disso, temos um estoque de 8,79 milhões de tratamentos, armazenado na forma de matéria-prima bruta. É o princípio ativo em pó, estocado em tonéis, que será transformado em cápsulas prontas para consumo, conforme a necessidade. Em julho, o laboratório Farmanguinhos, da Fundação Oswaldo Cruz, encapsulou e entregou ao Ministério 210 mil tratamentos.

EQ - Por que é difícil encontrar o remédio nas farmácias?
Temporão - Provavelmente porque o laboratório fabricante, o suíço Roche, priorizou tornar seus estoques disponíveis à OMS e aos governos dos países, como o do Brasil, uma vez que se trata de um medicamento estratégico. O Ministério da Saúde, inclusive, tem sido acusado de ter retirado o medicamento das farmácias, o que não é verdade. Além disso, ninguém deve comprar ou tomar remédios por conta própria. A automedicação pode prejudicar a saúde, mascarar sintomas e dificultar o diagnóstico de qualquer doença. Ao surgirem sintomas de gripe, as pessoas devem procurar o serviço médico mais próximo.

EQ - Como estão as negociações do Ministério para a compra de vacinas?
Temporão - O Ministério encomendou a compra de 18 milhões de doses do Instituto Butantan, que desenvolverá a vacina, juntamente com a empresa francesa Sanofi-Pasteur, com a qual o Instituto já tem parceria para produção da vacina contra a gripe comum. Do total, um milhão de doses deve chegar pronto até o fim deste ano; os outros 17 milhões de doses serão formulados no 1º trimestre de 2010. Como já se sabe que não haverá vacina para toda a população mundial, a OMS está realizando estudos para definir os grupos prioritários para vacinação.

EQ - As grávidas são mais atingidas pela gripe? Gestantes devem tomar o Oseltamivir?
Temporão - Sim, as grávidas podem tomar o antiviral porque são um dos grupos de risco para a forma grave da doença, mas sempre de acordo com avaliação médica. Os dados até 1º de agosto mostram que gestação e doenças cardíacas e neurológicas são os principais fatores de risco para óbito, entre as pessoas infectadas pelo novo vírus e com estado de saúde grave. As grávidas, independentemente do período de gestação, devem ter atenção especial, mas todas as pessoas do grupo de risco requerem, obrigatoriamente, avaliação e monitoramento clínico constante de seu médico assistente, para indicação ou não de tratamento com oseltamivir.

EQ - Quais são as diferenças entre a influenza A(H1N1) e a gripe comum? A nova doença mata mais?
Temporão - As doenças são semelhantes e não é possível diagnosticar a nova gripe apenas pelos sintomas. Tosse, febre e dificuldade respiratória, que definem os casos graves, estão presentes em mais de 99% deles, seja em pessoas com o novo vírus ou naquelas com o vírus da gripe comum. Outros sintomas, como dores no corpo, coriza, calafrio e dor de garganta também aparecem em proporções parecidas. Em relação à letalidade, até quando era possível ser calculada , as taxas da nova gripe eram semelhantes às da gripe sazonal.

EQ - Qual é a posição do Ministério da Saúde sobre o adiamento das aulas?
Temporão - Alunos com sintomas de gripe não devem ir às aulas até que estejam recuperados. Qualquer mudança no calendário escolar deve ser discutida com as autoridades locais de saúde, educação e vigilância epidemiológica.

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