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sexta-feira, 28 de agosto de 2009

MS lança Política Nacional de Saúde do Homem

O Ministério da Saúde lançou nesta quinta-feira (27), em Brasília, a Política Nacional de Saúde do Homem, que tem por objetivo facilitar e ampliar o acesso da população masculina aos serviços de saúde. A iniciativa, um dos compromissos de posse do ministro da Saúde, José Gomes Temporão, é uma resposta à observação de que os agravos do sexo masculino são um problema de saúde pública. A cada três mortes de pessoas adultas, duas são de homens. Eles vivem, em média, sete anos menos do que as mulheres e têm mais doenças do coração, câncer, diabetes, colesterol e pressão arterial mais elevadas. Ao todo serão investidos R$ 613,2 milhões, em oito eixos de ação, entre eles de comunicação, promoção à saúde, expansão dos serviços, qualificação de profissionais e investimento na estrutura da rede pública.
“Essa política parte da constatação de que os homens, por uma série de questões culturais e educacionais, só procuram o serviço de saúde quando perderam sua capacidade de trabalho. Com isso, perde-se um tempo precioso de diagnóstico precoce ou de prevenção, já que chegam ao serviço de saúde em situações limite”, disse o ministro da Saúde, José Gomes Temporão.
A política tem um plano dividido em nove eixos de ação a serem executados até 2011 e prevê o aumento de até 570% no valor repassado às unidades de saúde por procedimentos urológicos e de planejamento familiar, como vasectomia, e a ampliação em até 20% no número de ultrassonografias de próstata.
Por meio dessa iniciativa, o governo federal quer que, pelo menos, 2,5 milhões de homens na faixa etária de 20 a 59 anos procurem o serviço de saúde ao menos uma vez por ano. Além de criar mecanismos para melhorar a assistência oferecida a essa população, a meta é promover uma mudança cultural.
“Em geral, os homens têm medo de descobrir que estão doentes e acham que nunca vão adoecer, por isso não se cuidam. Não procuram os serviços de saúde e são menos sensíveis às políticas. Isso coloca um desafio ao SUS, já que vai exigir do sistema mudanças estruturais para que o sistema esteja mais sensível, inclusive com o treinamento de profissionais para que olhem de forma mais atenta a essa população”, afirmou o ministro.
A nova política coloca o Brasil na vanguarda das ações voltadas para a saúde do homem. O país será o primeiro da América Latina e o segundo do continente americano a implementar uma política nacional de atenção integral à saúde do Homem. O primeiro foi o Canadá. A política está inserida no contexto do Programa “Mais Saúde: Direito de Todos”, lançado em 2007 pelo Ministério da Saúde para promover um novo padrão de desenvolvimento focado no crescimento, bem-estar e melhoria das condições de vida do cidadão brasileiro.

VARÍÁVEIS CULTURAIS – As ações da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem buscam romper os obstáculos que impedem os homens de frequentar os consultórios médicos. Entre os seus subsídios está uma pesquisa feita com sociedades médicas brasileiras e conselhos de saúde. Divulgado em 2008, o levantamento ouviu cerca de 250 especialistas e mostrou que a população masculina não procura o médico por conta de barreiras culturais, entre outras. “Eles foram educados para não chorar e para manter a couraça de que são ‘machos’. Também alegam que são os provedores e têm medo de que se descubram doenças, mas hoje as mulheres são tão provedoras quanto eles. Queremos mudar essa cultura para que eles vivam melhor”, diz Alberto Beltrame, secretário de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde.
Na maioria das vezes, os homens recorrem aos serviços de saúde apenas quando a doença está mais avançada. Assim, em vez de serem atendidos no posto de saúde, perto de sua casa, eles precisam procurar um especialista, o que gera maior custo para o SUS e, sobretudo, sofrimento físico e emocional do paciente e de sua família.
A não-adesão às medidas de saúde integral por parte dos homens leva ao aumento da incidência de doenças e de mortalidade. Números do Ministério da Saúde mostram que, do total de mortes na faixa etária de 20 a 59 anos – população alvo da nova política -, 68% foram de homens. Ou seja, a cada três adultos que morrem no Brasil, dois são homens, aproximadamente. Os últimos dados de óbitos consideram o ano de 2005. Além disso, números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que, embora a expectativa de vida dos homens tenha aumentado de 63,20 para 68,92 anos de 1991 para 2007, ela ainda se mantém 7,6 anos abaixo da média das mulheres.

INVESTIMENTO – O investimento previsto no Plano de Ações decorrente da política será de R$ 613,2 milhões até 2011. Desse total, R$ 105,6 milhões serão para aumentar o valor de repasse de oito procedimentos (veja abaixo), ampliar o número de ultrassonografias de próstata e de cirurgias para doenças do trato genital masculino entre 2009 e 2011. Dentre as principais ações do Plano estão:

- R$ 455 milhões para capacitação e treinamento de profissionais de saúde. Desse total, R$ 91 milhões serão exclusivos para o atendimento da população masculina.

- R$ 105,6 milhões para aumentar o número de vasectomias, ultrassonografia de próstata e de cirurgias para doenças do trato genital masculino entre 2009 e 2011

- R$ 27 milhões para compra de insumos e equipamentos e contratação de recursos humanos entre 2009 e 2011

- R$ 17,6 milhões para ações de comunicação e educativas para incentivar os homens a procurar os serviços de saúde entre 2009 e 2011

- R$ 8 milhões divididos entre todos os estados e o DF para que eles preparem um Plano de Ação entre 2009 e 2011

O governo vai aumentar em 148% (de R$ 123,18 para R$ 306,47) o valor de repasse para a vasectomia realizada em ambulatório e em 20% o da feita por meio de internação (de R$ 255,39 para R$ 306,47). A proposta é igualar o valor das duas para incentivar o aumento desses procedimentos feitos em ambulatórios, para que passe de 35 mil, em 2008, para 50 mil, em 2010. Em média, 69,57% deles ainda são feitos por meio da internação (veja quadro ao final do texto), mas esse espaço deveria ser utilizado para cirurgias mais complexas. “A vasectomia é simples, rápida e segura e pode ser feita em ambulatório com tranquilidade”, afirma Beltrame. Com essas medidas, o governo quer incentivar a participação dos homens no planejamento familiar.
Outros procedimentos cujos valores serão aumentados (e equiparados) serão os de postectomia ambulatorial (passa de R$ 32,68 para 219,12 – aumento de 570%) e hospitalar (passa de R$ 109,56 para R$ 219,12 – 100%), também visando a incentivar a sua realização em ambulatório. Também conhecida como circuncisão, a postectomia consiste na retirada da pele do prepúcio que encobre a glande do pênis e é indicada para portadores de fimose (dificuldade ou mesmo impossibilidade de expor a glande). Além disso, essa cirurgia facilita a higiene e está relacionada à prevenção do tumor do pênis e à prevenção de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs).
A prostatectomia suprapúbica, realizada por meio da abertura abdominal e apenas na modalidade hospitalar (internação) passará de R$ 811,06 para R$ 1.001,7 (23%). Ela consiste na remoção parcial (central) da próstata, demanda de dois a três dias de internação e é a opção mais segura para homens cuja próstata tenha peso estimado superior a 80 gramas. Essa operação melhora o fluxo urinário ou mesmo dispensa o uso de sonda vesical de demora (quando o paciente carrega um frasco onde é depositada a urina). Diante disso, a revisão do valor dessa cirurgia busca reduzir as longas filas de portadores de sonda vesical, melhorando a sua qualidade de vida.
A prostatovesiculectomia radical, por sua vez, passará de R$ 832,05 para R$ 1.088,4 (30%). Indicada para o tratamento do câncer de próstata, ela consiste na remoção total da próstata, vesículas seminais ou outras estruturas prévias e reconstrução da bexiga e da uretra. O aumento no valor do procedimento busca atender a necessidade do tratamento desse câncer e incentivar uma melhor remuneração do serviço profissional.
Já o valor da orquiectomia subcapsular bilateral aumentará de R$ 385,22 para R$ 433,62 (12,5%). Voltada para o tratamento do paciente portador do câncer metastático de próstata (quando a neoplasia passa para outras partes do organismo), ela consiste na retirada dos testículos e busca reduzir a produção de testosterona, já que este hormônio “alimenta” o tumor. Por último, o valor da biópsia de próstata —utilizada para diagnóstico mais precoce do câncer de próstata para possibilitar o seu tratamento — passará de R$ 46,19 para R$ 92,38 (100%).

EXAMES - Destaca-se também a ampliação em 20% ao ano no número de ultrassonografias de próstata para prevenção e diagnóstico de tumores malignos. A meta é que eles passem de 78 mil, em 2008, para 110 mil, em 2010. Para isso, nos próximos dois anos, o governo federal investirá R$ 4,4 milhões, além das ações para incentivar os homens a procurar os serviços de saúde.
A estimativa do Instituto Nacional de Câncer (Inca) é de que 49.530 homens tenham câncer de próstata em 2009. Esse número representa 52,43 casos da doença a cada 100 mil homens. Ainda de acordo com o Inca, a taxa de mortalidade por câncer de próstata passou de 6,31 para 13,93, de 1979 para 2006 - aumento de 120%. Como esse tumor geralmente apresenta uma evolução muito lenta, o ministério pretende evitar os óbitos por meio do diagnóstico e tratamento precoce da doença.

CIRURGIAS – O Ministério da Saúde também quer ampliar em 10% ao ano o número de cirurgias para patologias e cânceres do trato genital masculino, passando de 100 mil, em 2008, para 110 mil, em 2009, e 121 mil até 2010. Com um investimento de R$ 73,6 milhões em dois anos, essa iniciativa ampliará o acesso ao tratamento, por exemplo, do câncer de pênis, um tumor relacionado com as baixas condições sócio-econômicas e com a má higiene íntima. No Brasil, este câncer representa cerca de 2% de todas as neoplasias que atingem o homem, sendo mais frequente nas regiões Norte e Nordeste. Ao menos mil pênis são amputados por ano no Brasil em razão dessa doença, segundo levantamento da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU).
Do total de recursos, R$ 455 milhões serão destinados às ações de qualificação de profissionais de saúde.
Dentro disso, R$ 91 milhões serão específicos para o atendimento da população masculina de 20 a 59 anos, considerando a parcela de homens a receber assistência nos serviços de saúde. Dentro desse projeto, o ministério capacitará 32 mil médicos das equipes de saúde da família (ESF) e elaborará uma estratégia para inserir a saúde do homem nos conteúdos de educação a distância do Telessaúde. Esse treinamento será planejado e realizado por cada estado. Outro foco será o treinamento de pessoas de nível de escolaridade médio em áreas técnicas estratégicas para saúde.
Outro eixo de ações do governo federal será a campanha de prevenção e orientação para a população masculina, com investimento de R$ 10 milhões nos próximos dois anos. Esse eixo inclui a Semana de Promoção da Saúde do Homem, a ser realizada sempre no mês de agosto. Além disso, o MS vai distribuir 26,1 milhões de cartilhas sobre prevenção, diagnóstico, tratamento de câncer e promoção de hábitos saudáveis. Também serão enviadas para os estados 6,52 milhões de cartilhas, até 2011, sobre direitos sexuais e reprodutivos e métodos anticoncepcionais para homens. “Depois de tudo isso, vamos investir na avaliação do impacto dessa política nos municípios para definir as novas linhas de ação”, informa o secretário Beltrame.

Um comentário:

Rico e Vivi disse...

No mesmo dia (27/10), em que o Ministério da Saúde lança a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem, a sociedade civil organizada, por meio da Rede de Homens pela Equidade de Gênero (RHEG), publica o documento-marco “Princípios, diretrizes e recomendações para uma atenção integral aos homens na saúde”.
O objetivo deste documento é contribuir para a consolidação de políticas públicas de atenção integral aos homens na saúde, a partir de reflexões críticas e proposições, tendo por base a perspectiva feminista de gênero.
Esta publicação apresenta um conjunto de idéias, argumentos e informações sobre a atenção aos homens nos serviços públicos de saúde. Ela integra as ações do Projeto “Homens e atenção integral à saúde”, uma iniciativa do Instituto PAPAI, em parceria com o Núcleo de Estudos em Gênero e Masculinidades (Gema/UFPE) e com a Rede de Homens pela Equidade de Gênero (RHEG). A produção deste documento contou com apoio da Agência Canadense de Cooperação Internacional (CIDA), Ministério da Saúde, Save The Children, WCF e Unicef.
Maiores informações no site www.papai.org.br.