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sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Cartola - É a poesia do samba nos cem anos de Angenor de Oliveira


Nos tempos idos, em que a vida ainda permitia a mais bela poesia, um brasileiro marcou a história da música brasileira. São cem anos de Angenor de Oliveira, o saudoso Cartola.


É uma linda e inesquecível história de amor com a música popular. Desde menino, dizem os amigos, Angenor de Oliveira tinha um ar de sábio, um jeito antigo, uma nobreza natural. Aos 11 anos de idade, se mudou com os pais para o Morro de Mangueira. “Quando eu era criança não fazia nada que prestasse. Tudo meu era mal feito. Não gostava de estudo. Era levado”, contou Cartola.


Quando jovem, foi pedreiro. Usava um chapéu-coco para proteger os cabelos do cimento. O chapéu acabou dando a ele o apelido de “Cartola”. Com um grupo de amigos, Cartola fundou uma escola de samba.


Para ela, escolheu as cores verde e rosa, o nome de “Estação Primeira de Mangueira” e dedicou alguns de seus grandes sambas, como “Alvorada”. Cartola era boêmio, mulherengo e bebedor. Teve uma vida de altos e baixos. Fez sucesso, mas depois passou anos sumido. Amigos achavam que ele tinha morrido até que o cronista Sérgio Porto o reencontrou lavando carros por trocados em Ipanema. Cartola voltou à cena.


Conseguiu gravar seu primeiro disco aos 60 anos de idade. O Brasil se comoveu com o lirismo de suas canções. No reencontro com o sucesso, Cartola foi até dono de uma casa de sucesso na noite do Rio. Abriu junto com a mulher Zica o Zicartola, uma espécie de templo do samba.


Zica reinava na cozinha e, no palco, Cartola recebia todas as noites os sambistas. Um dia passando por uma loja de discos, o poeta Carlos Drummond de Andrade parou embevecido quando ouviu uma canção: “Eu fiz o ninho / Te ensinei o bom caminho / Mas quando a mulher não tem brio / É malhar em ferro frio”. Nosso poeta maior tentou explicar o que sentiu diante da poesia de Cartola. Disse Drummond: “O nobre, o simples, não direi o divino, mas o humano Cartola, se apaixonou pelo samba e fez do samba o mensageiro de sua alma delicada”.


Cartola morreu em 1980, aos 72 anos. Era um dos maiores poetas da música brasileira e ainda se surpreendia com o impacto que suas letras e músicas causavam nos mais jovens. “Sou bem aceito pela juventude. É uma coisa de louco você ver a juventude que presta atenção a tudo o que eu digo, em tudo o que eu falo”, disse Cartola.


Cartola não sabia é que seria assim para sempre.


Fonte: Portal Globo.com/Bom Dia Brasil

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