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quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Em alta, Lula 'decreta' fim da era neoliberal


Depois de ter acusado os países ricos de praticarem ''populismo nacionalista'' e de ter dito que o sistema financeiro mundial investiu em uma ''jogatina'' que resultou na atual turbulência econômica, Lula se despediu de Nova York e de sua temporada na Assembléia Geral da ONU, ''decretando'' o fim da era neoliberal.


Ao longo de sua estadia em Nova York, encerrada na quarta-feira, o presidente deu declarações que demonstraram a segurança de alguém cuja popularidade alcançou a marca recorde de 77,7% - de acordo com pesquisa do Instituto Sensus- e a confiança de um líder cujo país não foi fortemente atingido pelas mazelas econômicas que vêm assolando os Estados Unidos.


Lula disse acreditar que o período neoliberal ''está encerrado porque (a crise) demonstra que também no sistema financeiro é preciso ter seriedade, é preciso ter ética, não é apenas o cidadão comum que tem que ser ético''.


Os puxões de orelhas do líder brasileiro ao longo de sua estadia de três dias não se limitaram ao sistema financeiro. Lula também desferiu golpes contra os Estados Unidos e o presidente George W. Bush e ainda deu palpites na campanha eleitoral americana.


''O ideal é que os dois candidatos pudessem assinar uma carta ao povo americano, como a que eu assinei ao povo brasileiro em 2002, assumindo um compromisso para dar tranqüilidade ao povo americano e tranqüilidade para o mundo como um todo'', afirmou.


O presidente também procurou colocar o Brasil em um papel de protagonista no contexto internacional, capaz de exigir dos organismos multinacionais propostas para contornar a atual crise financeira.


''Eu cobrei do G8, cobrei do FMI e do Banco Mundial que estava na hora de eles se manifestarem, porque quando é um país pequeno que tem crise, todos eles dão palpite. Quando é a maior economia do mundo que entra em colapso, a gente não vê nenhum palpite deles.


''O último evento de Lula em Nova York foi uma reunião sobre a crise financeira mundial da qual participou como único representante da América Latina, ao lado de líderes como o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, e o premiê espanhol, José Luiz Rodríguez Zapatero.


Repercussão


Se à primeira vista os comentários e ações do líder brasileiro poderiam dar a impressão de meras bravatas, a mídia americana tratou as observações de Lula com destaque e até reverência.


Para o New York Times, o discurso de Lula na abertura da cúpula da ONU, no qual o presidente afirmou que "o ônus da cobiça desenfreada não pode cair impunemente sobre todos" refletiu o tom do encontro.


O Wall Street Journal destacou que Lula defendeu a criação de um sistema que previna o sistema financeiro mundial de ser vítima de futuros abusos.


O jornal também definiu o presidente brasileiro como um ''defensor do meio termo entre capitalismo e socialismo'', e, em tom menos lisonjeiro, como um líder que ''anda em uma corda bamba entre as práticas da ortodoxia econômica e o financiamento de programas sociais populistas''.


Ao passo que a mídia dos Estados Unidos deu ouvidos aos comentários de Lula, o presidente também esteve atento ao pronunciamento do líder americano, George W. Bush, mas aproveitou para criticá-lo, devido ao pouco destaque que ele deu ao tema da crise econômica em seu discurso. "Eu lamentei porque imaginei que o presidente Bush, já que é a ultima aparição dele na sede das Nações Unidas, faria um discurso de despedida, falando um pouco da crise econômica e o que o governo americano pretende fazer", afirmou.


O líder brasileiro ainda ironizou: ''Eu, como sou defensor da autodeterminação dos povos e da soberania dos discursos dos presidentes, fui obrigado então a ficar quieto".


Odebrecht


Enquanto Lula estava em Nova York, a empreiteira brasileira Odebrecht se viu envolvida em uma polêmica no Equador.


O governo do país sul-americano acusou a companhia de ter cometido falhas na construção e posterior paralisação da central hidrelétrica San Francisco - a segunda maior do país - construída pela empresa - e está exigindo o pagamento de uma indenização por parte da Odebrecht.


Ao contrário do tom dirigido aos Estados Unidos, para o vizinho sul-americano o presidente reservou um tom fraterno ou, como ele próprio comparou, uma postura de irmão mais velho.


''Não tem jeito. O Brasil tem o papel de ser cobrado, porque somos o maior. Você imagina na sua casa, com seus irmãos menores, quando você morava com três, quatro irmãos, você podia estar certo, mas eles ficavam te cobrando coisas'', afirmou.


Bom humor


O presidente não deixou também de fazer piada sobre as recentes descobertas de petróleo feitas no Brasil e os investimentos da Petrobras no setor, que deverão estar na ordem de US$ 112 bilhões de dólares entre 2008 e 2012.


De acordo com o presidente, as descobertas farão do presidente da empresa, José Sergio Gabrielli, o primeiro ''xeque brasileiro''.

Nos últimos dias, Lula ofereceu um retrato completamente distinto do presidente que era notoriamente avesso ao contato com a imprensa até o final de seu primeiro mandato.


Ele se mostrou bem-humorado no trato com os jornalistas e solícito em dar declarações, chegando a oferecer diariamente uma média de duas entrevistas coletivas - ainda que estas tenham sido realizadas no improviso, entre um evento e outro de sua apertada agenda e em plena calçada do hotel em que estava hospedado, o suntuoso Waldorf Astoria.


Lula retornou ao Brasil na quarta-feira à noite, onde deverá retomar a rotina dos últimos dias de subir ao palanque de diferentes candidatos governistas.

As pesquisas mais recentes mostraram também que o presidente é o melhor cabo eleitoral da política nacional, um motivo a mais para Lula estar dotado de tanto bom humor.

Fonte: Portal UOL
Foto: Wikipédia

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